Atraso cognitivo
Nem sempre é simples identificar se uma criança que é menos interativa, menos falante, tem manias peculiares e reage de forma incomum a pessoas e estímulos possui algum problema de desenvolvimento ou se isso se trata apenas de uma natureza introvertida.
Para chegar a qualquer tipo de diagnóstico, os especialistas costumam observar o comportamento da criança, aplicar testes específicos e conversar muito com os pais para saber de todo o histórico médico e pessoal da família. O mais comum é que os primeiros sinais de alguma coisa diferente apareçam nos dois ou três primeiros anos de vida.
Avanços recentes em pesquisa cerebral têm mostrado cada vez mais, contudo, que o ambiente ajuda a esculpir o cérebro de crianças pequenas, independentemente da carga genética com que tenham nascido. É justamente por isso que é fundamental buscar ajuda o mais rápido possível. Quanto mais cedo a criança for tratada, maior a chance de ganhos significativos no decorrer da infância e da adolescência.
Se você suspeitar que o comportamento do seu filho é atípico, confie nos seus instintos e procure logo um neuropediatra ou psicólogo que tenha experiência em diagnosticar transtornos de desenvolvimento, e que possa depois trabalhar com intervenções e tratamentos específicos.
Entre esses transtornos do desenvolvimento, os mais comuns são o autismo, a síndrome de Asperger e outros transtornos do espectro autista (TEA), que afetam, em graus muito variados, o desenvolvimento social e cognitivo e a maneira como uma criança se relaciona e se comunica com o mundo exterior.
Veja a seguir alguns sinais de alerta que podem apontar para um atraso de desenvolvimento sócio-cognitivo.
Criança de 1 ano a 1 ano e meio
Não sorri quando olha para você
Não mantém contato visual
Não faz barulhinhos nem balbucia com frequência
Não aponta nem mostra objetos que possam interessá-lo
Não responde ao próprio nome
Não reage a sons familiares, como telefone, voz do pai, latido do cachorro
Não gesticula para se comunicar (dando tchau ou jogando beijo, por exemplo)
Não comunica o que quer ou o que não quer
Não participa de brincadeiras como a de esconder o rosto com as mãos e dizer "achou" depois
Não imita os outros nem tenta imitar vozes ou músicas
Não brinca com bloquinhos, carros, bonecas, bichos de pelúcia, animais
Criança de 1 ano e meio a 2 anos
Não interage com outras pessoas na hora da brincadeira (seja oferecendo algum objeto, olhando para alguma direção para apontar, esperando alguma reação)
Não reconhece imagens de objetos familiares ou de pessoas, demonstrando ao apontar para o que é pedido
Não brinca de faz-de-conta (alimentando bonecas ou bichinhos, por exemplo)
Criança de 2 anos a 2 anos e meio
Não presta atenção em histórias com fotos ou ilustrações
Não identifica objetos nomeando-os
Responde de forma exageradamente nervosa a sons como buzina, trovão, estouro de balão
Não consegue seguir instruções simples (como "vá pegar o seu tênis")
Criança de 2 anos e meio a 3 anos
Não responde a perguntas sobre experiências recentes
Não sabe se expressar sobre estados físicos, como frio, calor, fome, machucado
Não segue instruções com duas ou três partes ("vá buscar o tênis e traga aqui para a mamãe")
Não participa de brincadeiras simbólicas, usando, por exemplo, uma banana para fingir de telefone
Não se envolve em conversas para trocar experiências e só fala para expressar necessidades
Os sintomas descritos acima podem variar muito de criança para criança e podem aparecer em idades variadas. Há casos ainda de crianças que têm um desenvolvimento normal até um certo ponto, e depois regridem de conquistas como fala e socialização.
É comum também que crianças com transtornos de desenvolvimento social não gostem de ser tocadas, apresentem tiques, fiquem muito chateadas com a quebra de qualquer rotina e façam movimentos repetitivos com o corpo (como, por exemplo, bater "asas", mexer-se para frente e para trás, bater a cabeça sem parar).
PUBLICADO EM: 04/07/2017